quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mulher no volante, perigo constante.

É com muito prazer e satisfação que começo a escrever essa estória.
Depois de uma noite daquelas, cheia de emoções e acontecimentos que vou contar para meus netos. Eu me encontrava no meio da Ladeira da Barra às 7h da manhã, sozinho, com o cabelo todo bagunçado e a camisa abotoada errada, esperando um táxi passar pra me levar em casa.
Após cerca de cinco minutos de espera, um carro passou no sentido descendo a ladeira, acenei, e fiz gesto pra fazer a volta, pois queria subir. Quando o Corsa Seddan encostou foi que tive a surpresa. Era uma mulher. Eu entrei no carro tentando minimizar a situação e fazer ela parecer normal, mas, pra mim aquilo não era normal mesmo.
- Lá em Brotas!
- Que lugar de Brotas?
- Ali, perto do Hospital Aristides Maltês.
- Hum!
Seguimos subindo a Ladeira da Barra, para descer pro Canela. Ela era Negra, uma típica mulher soteropolitana, uma roupa de baiana de acarajé cairia certinho nela. Mascava um chicletinho charmoso. Avistei a caixinha “happydent”, do lado da marcha. Pensei em pedir um, mas, senti que ela era fria e calada. Mesmo assim resolvi tentar puxar conversa...
- Rapaz, é a primeira vez que eu pego uma mulher.
- Hehe.
- Uma mulher motorista de táxi, eu quis dizer. Hehe.
- Hum rum.
- É engraçado...
- É!
- Tem muito tempo que é taxista?
- Tem.
Ela não dava abertura. Só respondia trivialmente o que eu falava e mascava o chiclete. Já estávamos entrando no Dique do Tororó e eu não estava prestando atenção no caminho, quando ouvi um barulho de buzina (PAaAaAaaAmMmMm) que me despertou para a situação. Vi que quase tinha acontecido uma batida em outro carro, na verdade não sei quem foi o errado, mas o outro motorista havia ficado muito puto e xingou bastante.
- Sua puta, barbeira. Quer morrer porra.
O outro carro seguiu na frente e o clima no táxi ficou ainda mais frio. Ela seguia calada só no chicletinho. Eu não resisti à piada, e comentei.
- Rs. Mulher no volante, perigo constante.
- É o que?
- Hehe! Nada não.
- Mulher no volante perigo constante, uma ova. Não me venha com essas piadinhas machistas não.
- Rs. To brincando...
- Se quiser, pode descer do táxi.
- NãoOo! To brincando poh.
- Ele que foi errado, tentou cortar pela direita.
- Foi... Eu vi!
- Pois é!
- Foi mal.
Depois da piadinha mal colocada eu fiquei sem graça e sem saber como puxar conversa de novo. Seguimos calados, só se ouvia o barulhinho do chicletinho. Algumas vezes tentava uma aproximação mas, sem sucesso.
- Calor né?
- É...
-É... Ta demais!
- É...
Ela conduziu o táxi com minha ajuda até a porta do meu prédio e estacionou.
- Dezoito reais!
- Ta... Toma aqui.
- Deixa te dar meu cartão, se precisar... Sempre rodo na noite.
- Ah! Eu quero. Sempre pego táxi de madrugada.
- Pronto. É só ligar.
Peguei o cartão e olhei. Lá estava seu nome, o telefone, viagens, turismo, aeroporto, ferry-Boat, atendimento personalizado para idoso, atendimento com hora marcada. Eu olhava o cartão e pensava que não podia descer do táxi sem tentar me desculpar ou tornar o clima mais amigável depois da piadinha. Mas não me vinha nada na cabeça... nada... nada... só mantinha o olhar fixo no cartão. Abri a porta do carro e pensei... “Porra, vou falar o que...?”
- É...
- Oi?
- Ahn!? Posso pegar um chicletinho?

Segue ai o cartão da Cida. Taxista, mulher e que dirige muito bem. Deixei o número oculto para manter a privacidade dela, mas se alguém quiser é só me pedir.

domingo, 28 de novembro de 2010

Salvo pelo taxímetro


Já eram 3h da manhã de sábado, e eu já tinha dado virote em outra festa na noite no dia anterior. Não esta me agüentando em pé. Me despedi dos meus amigos e saí da festa para procurar um táxi e voltar pra casa. A festa era na praça Castro Alves (centro da cidade), próximo ao pelourinho. Assim que sai, avistei um Corsa Sedan com as faixas vermelha e azul do outro lado da rua. O motorista estava dentro do carro. Fui atravessando a rua assoviando e acenando pra ele, mas ele não se mexia, tava dormindo. Quando me aproximei bem ele tomou um susto e acordou. Eu encostei no vidro dele.
- E ai velho...
- Oh! Vai pra onde?
- Rapaz, lá em Brotas tu faz quanto?
- Porra, difícil saber. Tu não é acostumado pegar táxi aqui não?
- Dá uns doze reais, né não?
- Ohohoho é mais, é mais...
- Vamos fechar dezesseis.
- Vinte.
- Dezoito...
Fechamos em R$18,00 e seguimos pro destino com o taxímetro desligado. O cara era negro e gordo, tava todo arrumado, calça social, camisa social. Era um tipo Bussunda. Ele subiu a avenida em direção ao pelourinho, praça da sé.
- Eu gosto de tirar um soninho no carro.
- Hehe
- Durmo aqui mesmo. Chego em casa só tomar um banho e já to novo em folha.
- Hum. Dormi bem pra mim, só no meu quarto.
Enquanto conversávamos de leve, eu comecei a perceber um ambiente estranho ao redor. O cara foi adentrando pelo pelourinho, em umas ruas estreitas, uns becos que nunca tinha estado na vida. Pensei, deve ser algum atalho que o cara conhece, pra sair em alguma avenida conhecida. Entra em beco, sai em beco, entra em beco, sai em beco. E ai o ambiente ficou sinistro de verdade, era dark demais. Várias prostitutas e pessoas pelas ruas usando drogas... Submundo mesmo.
- Oh lá aqueles três ali. Tão cheirando crack.
- Hehehehehe. Rapaz, que lugar é esse véi...
- Isso aqui ta abandonado. O prefeito não vê isso.
- Que mané prefeito rapaz. Puta que pariu. Isso aqui é sinistro demais velho.
- Oh lá aquele, comendo a mulher ali no meio da rua... hehehehehe
- Rapaz, esse lugar aqui é punk. Porque que tu veio por aqui maluco?
O medo bateu essa hora. Entre casarões abandonados, usuários de crack e prostitutas fazendo sexo oral ao ar livre a gente ia passando por uma rua muito apertada, que só dava pra passar um carro por vez. Sem contar as encaradas que todos davam pra dentro do táxi. Lá na frente avistei um sujeito sem camisa, de bermuda e descalço andando no meio da rua, vindo ao nosso encontro. Ele começou a gesticular pra a gente diminuir a velocidade. Ai eu gelei. Pensei, mas que merda, que porra que esse cara foi vir por aqui. Agora fudeu mesmo, vamos ser assaltados, to fudido... O gordinho não parou o táxi, mas andávamos a uma velocidade baixa. O cara encostou no vidro dele.
- Arruma um trocado aí maluco.
O motorista miserável, calmamente virou a cabeça e olhou pra mim com uma cara de merda, como se pensasse: É com você, resolva ai...
- hein? Porra negão. To quebrado aqui. To sem nada mesmo.
- Quebrado o que véi. Andando de táxi aí.
- É que to com o dinheiro certo do táxi aqui, serio mesmo poh! Se não arrumava.
- É um real só maluco, pra eu comer uma coisa que to com fome.
- Rapaz, to sem mesmo.
- Podia ta roubando, mas to pedindo.
- Porra cara, é tanto que, acertei com ele o valor antes. Porque só tenho dez reais aqui. Pode ver, até o taxímetro ta desligado.
O sujeito olhou pro taxímetro. Olhou pra mim. Olhou pro motorista. O motorista olhou pra ele. Olhou pra mim. Eu olhei pro taxímetro. Olhei pro sujeito. E fiz a mesma cara de merda que o motorista tinha feito pra mim. O sujeito se afastou do vidro. Ufa!
Saímos dos becos e seguimos em direção a minha casa. A viagem seguiu friamente, como se nada tivesse acontecido.
- Sobe a Vasco da gama ou vai pelo Bonocô?
- Pela Vasco mesmo.
- Pela Vasco é mais rápido mesmo.
Já na estávamos na avenida principal do meu bairro...
- Quando for aí, tu me fala.
- Ta. Pode seguir aí, na próxima esquerda você entra, depois daquele muro branco ali.
- Ta com dinheiro trocado?
- Não. Por quê? To com vinte reais.
- Me da logo aí então, pra já te dar o troco aqui mesmo, antes de entrar na rua. Por que essa rua ai é perigosa a gente ficar parado.
- ESSA RUA É PERIGOSA? Oxe! Ta maluco? Perigoso foi onde a gente passou.
- Eu sei, mas é que a gente não pode dar bobeira em lugar nenhum né?
- Que bobeira rapaz? Tu vem por um caminho escroto da porra, e vem falar que minha rua é perigosa. Toma aí, vinte...
Paguei e ele me deu o troco (R$2,00) antes de entrar na minha rua. Só depois, entrou. E parou na porta do meu prédio.
- Pode encostar aqui.
- Pronto!
- Valeu! Boa noite.
- Boa.
- Vai com cuidado aí.
- Beleza...
Fiz uma especie de exemplo do que seria as ruas que passamos e uma foto que mostra a porta do meu prédio (vista da minha janela). pra comparação. (clique na imagem para ampliar)

domingo, 7 de novembro de 2010

O ga-ga-gago ranzinza

Sábado a noite, voltando de uma noitada no bairro do Rio Vermelho em Salvador, as chances de você encontrar um taxista muito louco são de praticamente 99,9%. Era por volta de 1h da manhã. Chamei o táxi que estava passando. Um Uno. O motorista era branco, usava óculos, meio gordo. Tinha cara de pai de família, de bom sujeito. Entrei no banco da frente.

O Rio Vermelho é um bairro boêmio e cheio de bares. Assim que começamos a corrida passamos por alguns e daí que tudo começou.

- Eu, per-perder noite sentado em bar? Jamais. Perco no-noite trabalhando por que tenho necessidade. Odeio ficar em um am-ambiente assim. É pra-pra onde mesmo?

- Hehehehe (¬¬) Brotas.

Porra, o cara era gago. Falava de uma maneira muito engraçada, algumas palavras travavam pra sair e isso era muito engraçado, eu ia ter que segurar a gargalhada.

- Já perdi muitas noites, quando e-e-era mais novo. Mas agora não. Ficar sentado nesse barulho, ninguém pode conversar nada, bater um-um-um papo.

- Sei... (Segura, segura. Pensa na fome das crianças na África, na natureza, nas árvores...)

- Sentar em uma me-mesa de bar, ficar ouvindo música alta, axé... De-Deus me livre. Odeio axé. Música de gente i-i-i-ignorante.

- Hehehehehe, eu também não gosto muito de axé não.

- Porcaria rapaz... tudo lixo. A mú-mú-música hoje em dia, não va-vale nada.

- Rs. Algumas valem poh. (as crianças, a fome, as árvores, os passarinhos voando)

Por impulso ele apertou o botão e ligou o som do carro. Tava passando algo sobre futebol... um comentário ou alguma vinheta de um jogo. Não levou 3 segundos e ele desligou.

- O-o-odeio Futebol.

Eu pensei, mas não é possível uma coisa dessas. Qual seria a diversão desse sujeito? Caçar moscas com haxi? O cara odeia todo... Mas agora a conversa tinha ficado séria. Futebol...

- EU AMO FUTEBOL.

- Eu o-odeio. Não perco meu tempo ven-vendo jogo.

- Rapaz... nem copa do mundo?

- Pi-piorou em copa do mundo. Eu nunca fui apaixonado por fu-futebol, mas, tomei raiva mesmo quando descobri essa má-máfia toda. É melhor subir no Acupe ou no Extra?

- Que máfia rapaz? Sobe pelo Acupe mesmo.

- Esses jogadores ai, tu-tudo um bando de ignorantes, tudo ganhando milhões, bi-bilhões aí.

- Mas isso não é máfia não. Eu também acho meio exagerada essa supervalorização dos jogadores, mas...

- Você estuda, se fo-forma, rala pra caralho, pra ganhar mixaria. Enquanto esse Ro-ro-ronaldo mesmo ai, ganhando 500 mil. Pra não fazer nada rapaz... Fico indignado com i-i-isso.

- Hahaha. Fora a grana que ele ganha com publicidade. Que deve ser maior ainda.

- Ainda tem i-isso. Não sei como uma marca, chama esse Ro-Ronaldo pra fazer propaganda. Odeio essas propagandas tam-também.

- Porra... Eu faço isso.

- I-i-isso o que?

- A próxima direita o senhor pode entrar, é o primeiro prédio da rua.

- Trabalha fazendo pro-pro-propaganda é?

- É!

- Ah!

- É essa direita rapaz. Entra aí!

- Oopa!

Ele parou na porta do meu prédio. Senti que ele ficou meio desajeitado e sem graça.

- Foi quanto aí?

- Tê-treze reais. Mas é pro-propaganda com Ronaldo que tu faz, não?

- Não, não... hehehehe. Às vezes faço umas com a Ivete Sangalo.

- Ah!

- Da Ivete Sangalo você gosta né?

- Não! O-o-odeio.

Desci do carro com uma vontade enorme de perguntar a ele, o que ele não odiava. Mas preferi ficar imaginando ele feliz da vida caçando moscas com haxi.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Guia Turístico

Acordei atrasado. Não queria chegar tarde novamente no trabalho pois já tinha chegado alguns dias. Me arrumei o mais rápido que pude e saí. Já desci o elevador decidido. Vou pegar um táxi.

Assim que cheguei à rua, vinha passado um e eu dei a mão. Era um Corsa Sedan. O motorista era novo. Devia ter uns 24 anos. Tinha uma cara engraçada e feliz. Já abriu a porta do carro dando risada.

- E ai velho, beleza?

-Beleza...

- Ali na avenida Magalhães Neto.

- Magalhães?

- É Magalhães Neto. Pode ser em frente ao Hospital da Bahia.

- É Pituba?

- Rapaz, mais ou menos, é ali entre a Pituba e o Costa Azul.

Percebi que ele tava meio nervoso e perdido. Imaginei que ele não devia estar se lembrando onde era a avenida Magalhães Neto.

- É melhor ir por onde?

- Pode ir pelo Bonocô, acho melhor.

- Bonocô?

- É.

- Pro Bonocô entra aonde mesmo?

- Tu não sabe não?

- É que não sou de salvador. To morando aqui a pouco tempo e comecei a rodar de táxi aqui agora.

- Hehehehehehehe

Essas horas você tem que rir. Agora eu tinha certeza que ele não sabia onde era a Magalhães Neto e nem sabia onde era nada. Surreal demais. Pra ser taxista você tem que morar na cidade há no mínimo uns 10 anos. O cara se muda para cá e vai ser motorista sem conhecer nada, sem saber chegar às principais avenidas da cidade. Nunca vi uma situação dessas, vou ser guia de um taxista.

- Ta vendo aquela igreja ali? Na sinaleira você vira à esquerda e desce a ladeira direto. Vai sair lá.

Chegamos a Bonocô.

- Essa é a uma avenida conhecida aqui. Vem de lá da casa da porra, até o shopping Iguatemi.

- Aqui eu sei, já passei aqui.

- Pode seguir ai direto. Mais a frente ali, do seu lado direito, é a igreja Universal. É um bom ponto de referência.

- Eu sei. Aqui eu já conheço.

- Já conhece? Ham. E ali em frente é o shopping Iguatemi. Vai passar muito por aqui.

- Conheço essa parte já.

- Ah!

- Eu fico em que faixa?

- Tu não disse que conhece?

- Hehe. Mas pra chegar lá no destino não sei.

- Sei La em que faixa fica. Fica em qualquer uma aí, tu só tem que ir direto...

- Direto onde? Pra lá ou pra cá.

- Direto, porra. Pra cá rapaz... DIREITA. Segue ai esse doblô.

- Hehehehe. É que tinha a divisão das pistas.

- Tsc. Aqui é a avenida Tancredo Neves. É famosa também, é meio que o centro comercial de Salvador. Onde o dinheiro ta circulando. Tipo uma avenida paulista.

- Aqui eu sei também. Já trouxe passageiro aqui.

-Tsc. (¬¬) Na rua de trás fica o Salvador Shopping. Outro grande shopping daqui.

- Eu Sei.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. Contei e me acalmei.

- Tá vendo esse Edifício todo doido ai do lado esquerdo? É a casa do comércio. E essas duas torres aqui do lado direito, é o Salvador Trade Center.

-Ham!

- São prédios Famosos aqui da Tancredo. Pode seguir direto aí que vai chegar onde eu quero.

Ele seguiu em frente mais uns 400 metros.

- Pronto. Essa é a Avenida Magalhães Neto. Pode encostar ali na frente, no Hospital da Bahia, é onde vou ficar.

- Ahhhhhhhh! Aqui eu conhecia. Já trouxe passageiro aqui. Só não tava lembrando o nome da rua.

- Foi quanto? (A raiva era grande)

- Dezesseis e cinquenta, mas faço dezesseis.

- Toma aí.

- Deixa eu te dar meu cartãozinho, caso tu precise de táxi, pode ligar.

- Não. Precisa não. Eu... Quase nunca ando de táxi.


Segue uma imagem dos pontos de referência que mostrei a ele. (clique para ampliar)



domingo, 26 de setembro de 2010

Taxista filho da puta.

Eu sei uma regra que não tem exceção. "Todo taxista de Salvador é um filho da puta, esperto."

Voltando de uma viagem ao interior, cheguei na rodoviária de Salvador 5h da manhã. Essa rodoviária daqui é péssima pra conseguir pegar um táxi, muita gente tentando conseguir um, e os taxistas no esquema de fila não querem pegar corrida pra perto.

O segredo é meter a mão na porta e entrar no táxi sem dizer o destino. Foi o que eu fiz. Era uma Parati velha, o motorista era negro, aparentava uns 58 anos. Já dentro do carro, disse onde era, e o caminho que gostaria que ele fizesse, o qual seria mais rápido de se chegar até minha casa (mais barato e pior pra ele).

Tudo corria bem, o cara era calado e não dava uma palavra. O dia tava amanhecendo e eu seguia olhando a cidade pela janela e pensando: - Que corrida chata, nem vou ter assunto pra escrever.

A primeira filhadaputisse que ele fez foi passar direto no primeiro retorno e andar mais uns 400m pra pegar outro retorno mais longe. Isso é uma tática que eles sempre usam quando a corrida é perto e eles querem dar uma valorizada pra ganhar um pouco mais. Eu deixei pra lá por que seria pouco, R$1,00 a mais ou a menos, que diferença faz. Tudo seguiu bem e sem um diálogo, o silêncio permanecia no carro. Eu admirando a cidade ao amanhecer e as vezes olhando o taxímetro pra ver quanto tava marcando. Já estávamos aqui no meu bairro quando ele fez a segunda filhadaputisse, errou novamente o trajeto entrando em uma rua errada ao invés de seguir e pegar a principal.

- Oh velho. Era pra seguir ai pela principal. (¬¬)

Ele calmamente e sem dar uma palavra, entrou em duas esquerdas seguidas e voltou à avenida principal. Ta... Tinha ficado meio desconfiado, mas, deixei pra lá por que seria pouco, R$1,00 a mais ou a menos, que diferença faz.

Já estava bem próximo a minha casa era só seguir mais alguns metros e chegávamos.

- Próxima direita ai, o senhor pode entrar é o primeiro prédio da rua.

Ele parou o carro e a corrida tinha dado R$14,85. Nem foi tão cara, eu pensei, ainda vou deixar ele arredondar pra R$15,00. Peguei uma nota de R$20,00 e dei. Equanto ele se mexia procurando o troco eu abria a porta do carro e ia pegando a mala, até que ele se virou e fez a terceira e maior filhadaputisse de todas.

- Oh rapaz, só tenho isso aqui pra te dar.

O cara me deu duas moedas, uma de R$0,25 centavos e outra de R$0,10 centavos.

- É O QUE RAPAZ? (¬¬)

- É... Minha primeira corrida hoje, to sem dinheiro nenhum aqui.

- Que porra é essa véi. E ai?

- É... primeira corrida não tenho.

- Sim véi, e ai? Eu que vou me fuder?

Eram 5:30h da manhã, não tinha nada aberto pra a gente trocar o dinheiro e eu só tinha essa nota de R$20,00 na carteira. A tranqüilidade dele me irritava muito, ele não tava nem ai. Nem olhava para trás.

-É que é a minha primeira corrida do dia.

- Sim vei, e daí. Quer dizer que a corrida que era pra ser R$15,00 reais, eu vou ter que pagar R$20,00. (Quinze por que errou o caminho duas vezes, na verdade era pra ser treze )

-É por que não tenho mesmo. Só tenho isso ai.

- PORRA. EU SEI MAN, QUER DIZER QUE É ASSIM.... VOU TER QUE PERDER R$5,00 E VAI FICAR POR ISSI MESMO?

- ... (Ele mantinha uma cara sem expressão nenhuma)

-... (Eu fazia uma cara de raiva e tinha vontade de voar no pescoço dele)

R$1,00 a mais ou a menos não faz diferença, mas R$5,00 faz. Estava cansado e queria subir logo pra dormir. Dei a merda dos R$20,00 e saí do carro pra não cometer uma agressão. Me senti roubado. O filho de uma "profisional do sequisso" foi embora. Agora ele rodava com a nota de R$20,00 e provavelmente vai aplicar o golpe no próximo passageiro.

Sempre desconfie se uma corrida de táxi em Salvador estiver indo tudo bem demais. Alguma coisa está errado. (¬¬)

Click na imagem para ampliar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Nêgo Véi e Roberto Carlos

Antes de contar a história de uma corrida, eu preciso fazer um flashback, voltar no tempo e contar como tudo começou.

Existe um ponto de táxi aqui próximo ao meu apartamento que eu sempre utilizo para pegar corridas. Uma certa época além de passar andando com muita freqüência pelo ponto, rodei bastante com os taxistas. Na maioria das vezes estava sempre com violão na mão. Logo passei a conhecer cada motorista de vista e principalmente um deles, Nêgo Véi (apelido que dei a ele). Nêgo é uma figura excêntrica, cabelo meio grisalho, barba meio branca também. Usa umas camisas florais de botão, abertas até a metade, um dente de ouro e sempre com um palito na boca.

Toda vez que passava pelo ponto ele sempre mexia comigo e falava algo tipo:

- E ai tocador, vai tocar aonde hoje?

Ou

- Esse violeiro é retado, e esse show vai ser aonde?

Até um belo dia que ia passando pelo ponto a pé, com o violão na mão. Ele viu e puxou conversa:

- Violeiro... e ai. Cadê? Da uma palhinha ai a gente?

- Haha, é que eu to com um pouco de pressa...

- Toca umazinha, só uma...

De repente, me vi parado ali. Cercado de taxistas me olhando e esperando que eu tocasse algo. Quem toca violão sabe como essa situação é horrível. Eu não sabia o quer fazer, não me vinha nenhuma música na cabeça. Só pensava que merda que vou tocar pra esses caras? Los hermanos? Nação Zumbi? Pearl Jam? Nunca devem ter ouvido falar dessas bandas. Era desesperador, olhava para o violão, olhava para os taxistas, olhava para o violão, olhava para os taxistas. Até que ouvi algum deles falar.

- Roberto Carlos. Toca uma de Robarto Carlos, pronto...

- Roberto Carlos? (pausa) Ta. Sei uma. "♫ ♪ Você foi, o maior dos meus casos. ♪ ♫ De todos os abraços, ♪ o que eu nunca esqueci... ♫ "

Senhores, adianto a vocês que naquele momento eu assinava minha sentença. Nêgo véi ficou meu fã e achando que eu era o melhor Seresteiro de Brotas. A partir daquele dia, sempre que passava por ali, ele falava algo ou me chamava pra tocar.

Passado alguns dias do ocorrido, ia fazer um som com uns amigos, domingo, no imbuí. Tinha a necessidade de pegar taxi. Fui pegar no ponto e, quem era o primeiro da fila?

Nêgo Véi tem um gol do modelo antigo, não daqueles antigões não, o modelo mais antigo que o atual, deve ser ano 99 ou 2000 por ai. Só sei que quando ta frio da um trabalho danado pra ligar. Entrei no carro com o violão...

- E ai bichão...

- Oooh Tocador. É você... e esse show vai ser aonde?

- To indo lá pro imbuí, Silver Shopping sabe onde é? Por ali.

- Claro, vai fazer seresta hoje lá é?

- Não, não. Só tocar com uns amigos.

Acho que ele me pensa que eu sou um super músico, que eu toco pra caralho, praticamente um Yamandu Costa.

- Ta tocando em banda?

- Não. to não...

- Por que rapaz? Tem que tocar... banda da dinheiro.

- É... to trabalhando e aí ando sem tempo pra tocar em banda.

- Tem um menino que mora aí na sua rua que toca em banda.

- Hum, não conheço não. É banda de que?

- A banda dele é... é no rio vermelho que ele toca. Lá naquela região lá.

- (¬¬) Haaa, mais ele toca o que?

- Ele ganha é dinheiro viu. Com a banda dele. Vejo sempre ele passando aí com o violão e tal.

- Ham. Mas ele toca qual instrumento?

- A banda dele é boa que é retada.

- Hummm

Eu comecei a perceber que tinha que esfriar a conversa, se não, ia ser essa chatice o caminho todo, e pra chegar ao Imbuí ainda faltava muito.

- Se eu fosse você, eu ia tocar com Carlinhos Brown. Por que não vai?

-Ham? Co... é... como?( ¬¬)

- Carlinhos Brown taí rico. Nasceu pobre, hoje ta rico. Se fosse tu ia tocar com ele, o negão bota pra fuder véi.

- ham... Mas...

- Hahahaha. Com aquela badega de nariz dele. É... sacana, o negão taí cheio de dinheiro e cheio de mulher. Tu tem que se juntar com ele.

Ele falava sério mesmo, como se Carlinhos Brown fosse meu vizinho e um belo dia eu acordasse e batesse na porta dele – Carlinhos, eu vou tocar com você hoje viu.

- É... Vou ver ai, se falo com ele.

Nêgo Véi é completamente sem noção das coisas. E ele não parava de falar e nem mudava o disco. O assusto só era música e banda... daí a pouco, já entrando pela Av. Paralela ele ligou o som do carro. Começou a tocar uma seresta bem antiga, não fazia idéia de que porra era aquela.

- Sabe tocar essa?

- Essa ai? Rapaz...

- Essa é boa heim, pra dançar agarradinho com a nêga.

- hehehehe é...

- Sabe não?

- Essa ai, não conheço não.

Deixou a música rolar por ums 30 segundos e mudou a estação do rádio. Caiu em uma músca em inglês... que eu também nunca tinha ouvido na vida.

– Sabe tocar essa?

- Essa ai? (eu fiquei com vergonha de dizer que não sabia tocar e estragar a imagem que ele tinha de mim. Eu tinha que dizer que sabia alguma) Haaaaa, ESSA EU SEI. É boa essa.

- Essa sabe? Haaaa então você é retado mesmo. Essa é ingRês né?

- Hahahaha é...

- Pera ai, deixa eu ver se você sabe mais...

Tava engraçado, mas já tava ficando tenso, imaginando se seria esse jogo do "sabe essa música" o caminho todo. Mudou a estação e caiu em um pagade baiano, Parangolé, Black style... sei la. Algo parecido com isso.

- Sabe essa?

- (¬¬) Essa? Sei também. (haaa já tava de saco cheio dessas conversas, ia dizer que sabia todas agora)

- Rapaz, você é retado mesmo.

Essa brincadeira durou o final do trajeto todo... ele mudou de música mais umas 4 vezes até que já pertinho do meu destino ele mudou novamente e caiu em...

- ROBERTO CARLOS (ele falou em alto e bom som) essa você sabe.

- hahahahaha essa eu sei. (mentira era uma musica antiga que eu não sabia tocar)

- Roberto Carlos é o rei. Ele e Michael Jackson são os reis da música.

- Hehehe verdade. Olha pode encostar ali naquele orelhão. Vou ficar ali.

- Quando você passar no ponto vou pedir pra você tocar essa.

- hahahaha pode deixar.

Desse dia em diante, toda vez que saiu de casa com o violão agora, atravesso a rua e vou para o outro lado da calçada para não passar no ponto. Paguei a corrida, não me recordo o valor, e desci do táxi com uma lição de moral. Nunca pare em um ponto de taxistas e toque uma música de Roberto Carlos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Iron TaxiMan esquizofrênico

Já eram mais de meia noite quando liguei pro táxi me buscar na agência pra me trazer em casa. Eu estava muito gripado e bem mal, com dor de cabeça e corpo todo quebrado. Desci e o táxi já me esperava. Era um Meriva, assim que entrei no carro, outro taxi encostou do lado e os 2 motoristas conversaram algo que não deu pra entender. O que estava comigo pegou um cigarro do outro e guardou no carro. A corrida começou, ele seguiu em direção ao salvador shopping . O cara era moreno e careca.


- É..., quando terminar essa corrida aqui eu vou pra casa dormir.


- Nem me fale. Preciso dormir também, dormir bastante, tem tempo que não durmo bem.


- Eu vo dormir umas 3 horas. Ta bom.


- 3 horas só? Rapaz, não consigo não. Tenho que dormir no mínimo 8 horas por noite.


- Oxe, eu sou assim. Durmo três horas já ta bom... duas, três horas de relógio. Não sei como consigo. To te falando. É verdade. Rapaz, eu trabalho aqui... vinte e quarto horas seguidas se deixar. Direeeeeeto, sem dormir.


- Rapaz...


- Oh meu Deus, to te falando. Aqui chego em casa, monto em cima da coroa, do aquela rapidinha de galo, durmo um pouquinho e pronto.


- Hehehehe.


- Contando ninguém acredita, não sei o que é que sou assim. Parece que é Deus né, que me deu essa energia toda. Só pode. Rapaz... já cheguei a rodar aqui, trinta horas sem parar.


- Hehe. Mas toma café, alguma porra assim, pra aguentar?


- Tomo. Tomo tudo,café, com Red Bull, energético...


Já estávamos pelas redondezas do Iguatemi, e a conversa não saia disso, das horas de sono dele. Até que...


- Tenho que rodar muito pra ganhar dinheiro né? Principalmente quando to nessa situação financeira ai. O cara as vezes sem querer gasta demais, e faz besteiras...


-????? (olhei pra ele e fiz uma cara de interrogação)


- Entra num bar gasta com bebida, ai faz besteiras sabe como é? Ai gasta com mulher e ai faz besteiras. As vezes até... Comete um assassinato.


PUTA QUE PARIU, eu pensei. ASSASINATO? Esse cara é um assassino e to aqui com ele, é um psicopata só pode. Logo percebi, com essas conversas de maluco ai. Eu fiquei quieto e continuei ouvindo a historia. Ele prosseguiu falando.


- Já fiz muita besteira na vida sabe... muita coisa.


- Mas quem nunca fez besteiras né? Todo mundo já fez besteiras que se arrependeu.


- Mas não vou sujar meu nome não. Vou não. Pelo menos agora não. Daqui a três anos eu sujo. Alias três não, quatro. Depois da copa. Vo gastar ai ums 200 mil. Torrar tudo fiado e sumir no mundo. Quero ver neguinho me achar.


- To ligado. (¬¬)


Agora não achava mais que ele era um assassino, mas sim, um esquizofrênico . O cara não falava coisa com coisa. Isso é um sintoma de esquizofrenia. Aprendi isso com minha prima que estuda psicologia. É verdade. E a conversa não parou por ai.


- Boto tudo no nome de meu filho. Vo abrir um restaurantezinho, boto o PF de 8 reais, sempre tem gente. Ou então uma oficina, equipo toda. É duas coisas que nunca ta vazio, oficina e restaurante.


- Pois é, com certeza. O povo necessita se alimentar né, então restaurante sempre vai ter cliente e oficina também com esse aumento ai da quantidade de carros em salvador é uma boa também.


Nessa hora o cara virou-se de supetão pra cima de mim com os olhos arregalados e com uma cara de maluco e falou todo exaltado.


-É UMA IDEA DA PORRA, AAAAAAAA DIGA AI SE NÃO É... VÁ ROUBAR NÃO VIU.


-Não, não, não, não... que isso... Jamais...


A essa altura já estávamos próximos aqui de casa, mais a frente tinha um radar em que a velocidade máxima é 40km/h. O cara passou a 45km/h mas acho que não levou multa, por que tem um limite de tolerância. Mas se levasse a multa e ficasse ainda mais endividado ai que ele matava um mesmo.


-Vá me dizendo ai onde é viu.


- Na próxima direita pode entrar. É o primeiro prédio, da grade vermelha.


- Sei qual é.


- Atchiimmm (dei um espirro)


- Ta gripado é vei?


- Porra, to.


- Ta tomando o que?


- Rapaz, to tomando nada não.


- Ta dando mole, era pra tomar logo, sua gripe ai já ta num estagio avançado. Tem que tomar logo cedo. Eu tava assim também até um dia desses, eu tomo isso aqui ó.


- Huummm (pegou um frasco de cebion e me mostoru)


Já estávamos parados na porta do meu prédio enquanto preenchia o vouche do taxi da agência.


- Aqui é bom de morar né? (ele perguntou)


- É sim. Moro nesse prédio aqui já vai fazer 2 anos.


- 2 anos só?


- É que sou do interior, vim morar aqui em salvador ha algum tempo.


- Veio trabalhar aqui foi?


- Foi.


- Pra você ver né rapaz, como é o destino.


- Hahahahahahahahaha num é...


Dei uma risada de verdade. Não só pelo jeito engraçado como ele falou, mas também por estar feliz de ter chegado bem e vivo em casa. Ele destacou os vouche, me deu a minha via e ficou com a dele.


- Aqui é seguro né?


- Rapaz é... nunca aconteceu nada comigo aqui não.


- Ta Bom. Ohhha... Vale..


- Ophaa, valaêaa.


Nos despedimos daquele jeito, que na verdade ninguém entende o que a outra pessoa diz de verdade, mas, compreende a mensagem. É o que importa. E La se foi ele pra casa, dar uma rapidinha de galo na coroa e dormir três horas de relógio.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Barrigudo do SSA Shopping

Já passava das 22h de um domingo quando deixei o Salvador Shopping com um amigo e fui pra casa. É nessa hora que vem a pergunta, esperar um ônibus em um ponto deserto, sozinho e correr o risco de ser assaltado ou partir pra aventura de pegar taxi? Aqui em salvador andar de táxi é sempre uma aventura, é cada motorista sem noção que existe (o que me motivou a escrever essas histórias) que sempre penso duas vezes antes de entrar em um. Ok, resolvi encarar a aventura. Entrei no táxi, era o primeiro da fila do Salvador Shopping. O sujeito era gordo, tinha uma barriga enorme, um aspecto de sujo da porra. Começamos a andar e antes de dizer qual era o endereço, comecei a puxar o cinto de segurança pra colocar:

- Eu não uso essa porcaria não. Ele falou.

- É o que rapaz?

- Depois que sofri um assalto e quase morro enforcado por causa do cinto, não uso mais essa miséra.

- ham... sei.

O cara falava rápido e embolado, era tipo aqueles sujeitos machão, bem grosseiro mesmo. Eu senti que o senhor era pirado já no começo da conversa. Não quis dar corda e nem prolongar os diálogos.

- Lá em Brotas vei. Eu falei.

- Em que lugar de brotas?

-Próximo ao Hospital Aristides Maltês.

- Sobe a Waldemar falcão?

- Não. Sobe a Cruz da Redenção é melhor.

- Oh, é isso mesmo Cruz da Redenção, eu que errei, to maluco. Vai desculpando aê. To todo atrapalhado hoje.

-Hum.

Depois o sujeito seguiu uma parte do caminho falando umas coisas emboladas que eu não entendia, mas concordava com tudo. Eu sou do tipo que quando sinto que o cara é maluco não discordo nunca do cidadão. Sei La.

- É... ali pela ashimhso ta ligado, na anhostoas se fuder rapaz, é foda...

- Hum... to ligado.

- Né não, tu acha o que?

-Rapaz, é... isso mesmo.

- Deshuiar Poqsu nasmho heim?

- Com certeza.

Já estávamos seguindo pela Av. ACM, o motorista não parava de resmungar, andava mais ou menos a 100km/h, de repente, entrou na frente dele um carrão super de fuder, que eu nem sei que carro era, “L2000X” esses carros que o nome é letra misturado com números, só sei que era caro pra caralho. O cara não parava de xingar e buzinar pro motorista do carrão.

-SAI DA FRENTE SEU VIADINHO. PAU NO CU. SEU MERDA. SE FUDER RAPAZ.

Eu não sabia se ria ou, sei lá que diabos fazia. É uma situação muito louca. Só pensava, meu Deus que cara maluco é esse. Daí, seguimos. Já subindo a ladeira pro meu bairro ele puxou novamente conversa.

- Quer dizer que você mora perto do cachorro quente?

- É, moro. Inclusive vou parar lá pra comprar uns pra comer em casa.

- Haaa, você é dos meus. Ali da várias bucetas né?

- Hehehehe, rola umas.

- Êh, já pensou uma bucetinha aqui agora, pra dar uma fodinha? Heim? Hehehehe

- HAHAHAHAHAHA é... massa.

- Vou ver se eu vou ali depois, pegar umas bucetinhas pra dar uma. Hehehehe.

- Hehe, vá mesmo. O senhor pode encostar ali, passando o semáforo, depois daquele Celta prata. Ta massa.

A corrida deu R$ 18,25. Ele fez por R$18,00. Paguei e sai do táxi aliviado por me sair bem e sem arranhões de mais uma corrida com um taxista sem noção da capital baiana.