segunda-feira, 12 de abril de 2010

Barrigudo do SSA Shopping

Já passava das 22h de um domingo quando deixei o Salvador Shopping com um amigo e fui pra casa. É nessa hora que vem a pergunta, esperar um ônibus em um ponto deserto, sozinho e correr o risco de ser assaltado ou partir pra aventura de pegar taxi? Aqui em salvador andar de táxi é sempre uma aventura, é cada motorista sem noção que existe (o que me motivou a escrever essas histórias) que sempre penso duas vezes antes de entrar em um. Ok, resolvi encarar a aventura. Entrei no táxi, era o primeiro da fila do Salvador Shopping. O sujeito era gordo, tinha uma barriga enorme, um aspecto de sujo da porra. Começamos a andar e antes de dizer qual era o endereço, comecei a puxar o cinto de segurança pra colocar:

- Eu não uso essa porcaria não. Ele falou.

- É o que rapaz?

- Depois que sofri um assalto e quase morro enforcado por causa do cinto, não uso mais essa miséra.

- ham... sei.

O cara falava rápido e embolado, era tipo aqueles sujeitos machão, bem grosseiro mesmo. Eu senti que o senhor era pirado já no começo da conversa. Não quis dar corda e nem prolongar os diálogos.

- Lá em Brotas vei. Eu falei.

- Em que lugar de brotas?

-Próximo ao Hospital Aristides Maltês.

- Sobe a Waldemar falcão?

- Não. Sobe a Cruz da Redenção é melhor.

- Oh, é isso mesmo Cruz da Redenção, eu que errei, to maluco. Vai desculpando aê. To todo atrapalhado hoje.

-Hum.

Depois o sujeito seguiu uma parte do caminho falando umas coisas emboladas que eu não entendia, mas concordava com tudo. Eu sou do tipo que quando sinto que o cara é maluco não discordo nunca do cidadão. Sei La.

- É... ali pela ashimhso ta ligado, na anhostoas se fuder rapaz, é foda...

- Hum... to ligado.

- Né não, tu acha o que?

-Rapaz, é... isso mesmo.

- Deshuiar Poqsu nasmho heim?

- Com certeza.

Já estávamos seguindo pela Av. ACM, o motorista não parava de resmungar, andava mais ou menos a 100km/h, de repente, entrou na frente dele um carrão super de fuder, que eu nem sei que carro era, “L2000X” esses carros que o nome é letra misturado com números, só sei que era caro pra caralho. O cara não parava de xingar e buzinar pro motorista do carrão.

-SAI DA FRENTE SEU VIADINHO. PAU NO CU. SEU MERDA. SE FUDER RAPAZ.

Eu não sabia se ria ou, sei lá que diabos fazia. É uma situação muito louca. Só pensava, meu Deus que cara maluco é esse. Daí, seguimos. Já subindo a ladeira pro meu bairro ele puxou novamente conversa.

- Quer dizer que você mora perto do cachorro quente?

- É, moro. Inclusive vou parar lá pra comprar uns pra comer em casa.

- Haaa, você é dos meus. Ali da várias bucetas né?

- Hehehehe, rola umas.

- Êh, já pensou uma bucetinha aqui agora, pra dar uma fodinha? Heim? Hehehehe

- HAHAHAHAHAHA é... massa.

- Vou ver se eu vou ali depois, pegar umas bucetinhas pra dar uma. Hehehehe.

- Hehe, vá mesmo. O senhor pode encostar ali, passando o semáforo, depois daquele Celta prata. Ta massa.

A corrida deu R$ 18,25. Ele fez por R$18,00. Paguei e sai do táxi aliviado por me sair bem e sem arranhões de mais uma corrida com um taxista sem noção da capital baiana.